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A civilização global sobreviverá ao declínio do Ocidente?

12/06/2025

O Christian Science Monitor, um site de notícias que, apesar do nome, não é um veículo de notícias religiosas e sim um veículo fundado por pessoas religiosas (da Ciência Cristã, mas graças a Deus o jornal não é alinhado às crenças deles), fez uma apresentação de um livro chamado "The Once and Future World Order: Why Global Civilization Will Survive the Decline of the West" ("A Ordem Mundial Antiga e Futura: Por que a Civilização Global Sobreviverá ao Declínio do Ocidente", mas não deve ter sido traduzido ainda para português).

O livro questiona a noção de que a ordem global liberal atual é uma criação exclusivamente ocidental, mas argumenta que princípios como democracia, direitos individuais e governança justa surgiram em diversas culturas ao longo da história, muito antes do Iluminismo europeu. Embora muitos associem a democracia e a governança moderna à Grécia Antiga e ao mundo ocidental, o autor do livro, Amitav Acharya, destaca que ideias semelhantes existiram em outras civilizações, como na Índia, por volta de 600 a.C., onde já havia repúblicas com assembleias populares que discutiam noções de contrato social, antecipando pensadores como Rousseau.

O budismo, originário de uma república indiana, trouxe visões de sociedade que ecoam ideais iluministas. Textos antigos, como o Arthashastra (um manual de realpolitik indiano), mostram que conceitos como equilíbrio de poder e realismo político já eram discutidos muito antes de Hobbes ou Maquiavel, e a China também teve suas próprias concepções de ordem internacional, combinando diplomacia sofisticada e expansionismo imperial, como no caso da imperatriz Wu Zetian (690-705 d.C.), que usou símbolos budistas para legitimar seu governo, mostrando também como ideias indianas influenciaram outras regiões. Acharya também critica a visão de que a ordem liberal atual é uma invenção puramente americana ou europeia, argumentando que ela é resultado de contribuições multicivilizacionais ao longo do tempo. Ao mesmo tempo em que reconhece os problemas do domínio ocidental, também rejeita a ideia de que seu declínio significará o fim da civilização global.

O texto oferece uma perspectiva histórica que desafia narrativas tradicionais sobre poder e governança global, e ressalta que, embora o Ocidente tenha moldado muito da ordem internacional moderna, as ideias fundamentais desta ordem têm raízes mais amplas e diversas. Acharya defende que, mesmo com a possível diminuição da hegemonia ocidental, a civilização global encontrará caminhos para se reinventar, como fez no passado.